sábado, 6 de abril de 2013

Bater Cabeça na Umbanda Sagrada, história, significado... e por que fazemos isso! - por Mãe Mônica Caraccio - sacerdotisa umbandista



Nós, umbandistas, herdamos dos povos Africanos a representação do solo como a morada dos antepassados. Para eles, os Orixás são antepassados divinizados, ou seja, pessoas e anciões que imergiram na terra e se tornaram Orixás, portanto, para cultura Africana o Sagrado está na terra e não no céu como prega a cultura européia. Além disso, sabemos que em determinados momentos da vida escravocrata, os negros enterravam os otás (pedras dos Orixás) e elementos simbólicos de seus Orixás para que não fossem descobertos pelos senhores das fazendas, os quais tentavam de todas as maneiras destruir e descaracterizar a cultura, a crença e as relações humanas desse povo.
Com esse saber, fica fácil compreender que quando "batemos a cabeça" estamos entrando em contato com esses ancestrais e antepassados consequentemente com todo o conhecimento e a sabedoria que esse passado guarda.
Não podemos deixar de lado também, o poder transformador do elemento "TERRA", portanto, ao bater cabeça com os pensamentos firmados na ação e nas forças divinas, naturalmente conseguimos descarregar todos os pensamentos negativos e atuações negativas, que por ventura esteja envolvendo nosso mental. Melhor ainda acontece quando temos a oportunidade de deitar no chão ao bater cabeça, nessa ocasião, a descarga acontece também no sentido emocional e em todos os nosso chackras afinal eles também entram em contato com a terra.
Quando batemos o lado direito, entregamos nossa coroa para as Entidades Espirituais da Direita, quando batemos o lado esquerdo, a entrega é para as Entidades Espirituais da Esquerda, já a testa representa entrega total, a entrega da nossa coroa a todas as forças assentadas e representadas no altar, batemos a cabeça por questão de respeito e obediência com os Orixás e com nosso Pai Oxalá que está acima no altar.
É nesse momento que estas entidades, de forma pontual, sutil e grandiosa, cruzam nossas costas firmando-nos e protegendo-nos qualquer energia negativa se afaste do médium dando toda a sustentação para o trabalho espiritual.
Também sabemos que em muitos Terreiros são usados elementos para que esse ritual aconteça com supremacia, a exemplos de casas que usam "toalha" que representa, entre tantas outras coisas, a proteção do nosso Pai Oxalá,o acolhimento a pureza. Outras vezes o Pai de Santo risca um ponto para que o ritual aconteça com uma espécie de ação magistica realizadora e religiosa.
Há também aqueles que firmam a corrente com cânticos representativos e emocionante, estimulando o lado "emocional e vibratório da corrente".

Por que desenvolver-se Mediunicamente? por - Marcel Surya


Na vida em todos os sentidos, temos que nos aprimorar para sempre evoluirmos. Desenvolver  significa desdobrar-se, aprimorar, polir, fortalecer algo que queremos fazer melhor do que fazemos no presente.
Desenvolvimento mediúnico sempre esteve presente em todos os Terreiros de Umbanda de uma forma direta ou indireta. Tendo um dia especifico, ou mesmo nos dias de trabalho, o médium de Umbanda passa por essa etapa de conhecimento de seus Guias, Mestres e Mentores, assim passa a conhecer Orixás e todo o sistema de trabalho que nossa religião executa com mestria e com muito Poder.
O médium passa a conhecer também um Deus de Amor, de Liberdade e de Caridade, Pai Olorum! E com muito amor, vai trilhando seu caminho espiritual e sentido o poder dos Orixás em sua vida, abrindo seu mental e sua alma para os mistérios e iniciações da Sagrada Umbanda.
A mediunidade independente de religião, todas as pessoas nascem com dons mediúnicos, umas mais afloradas e outras mais retraídas, mas todos com os seus canais para o Sagrado.
Desenvolver mediunicamente é muito mais do que incorporar, é um auto-conhecimento que leva à evolução, ao equilíbrio e a paz, pois coloca todos os seus dons alinhado e ativos conforme o tempo de desenvolvimento e a vontade do médium em crescer e evoluir.
O desenvolvimento acontece sempre que cada médium se aprimora em seus dons, entende com segurança que tudo que o cerca no momento dos trabalhos são poderes de DEUS a sua disposição para que ele possa fazer um trabalho digno, eficaz e muito poderoso. Mas o principal foco do desenvolvimento é o auto-aprimoramento, o auto-conhecimento e o médium tem que ter em mente e corpo, mente e espirito devem andar juntos, e sempre em evolução.
Não é só incorporar Guias que o médium consegue desenvolver-se mediunicamente e muito menos, só incorporar para atender as pessoas. O médium deve saber que, quando se desenvolve mediunicamente, é um caminho interno, um mundo pessoal e cheio de possibilidades, que na verdade são limitadas, para que ele, nesta encarnação, evolua de uma maneira constante e distinta.
O trabalho de um Terreiro de Umbanda é consequência de seus trabalhos feitos internamente no decorrer desse seu processo de desenvolvimento mediúnico, sem pressa, sem afobação, perdendo a insegurança comum a todos no começo desta caminhada sagrada e com muita simplicidade. Axé!

Qual o fundamento do altar na Umbanda Sagrada - por Mãe Mônica Caraccio sacerdotisa umbandista



O Altar é um ponto de força e deve ser firmado e assentado corretamente, pois é o meio pela qual as irradiações divinas alcançarão todos os fieis diante dele. A principal função do altar é criar um magnetismo, uma ligação entre o "céu e a terra", e é através dele que as irradiações verticais divinas - DO ALTO - descerão até o altar e se espalharão no horizontal ocupando todo o espaço destinado ás praticas religiosas. Os fundamentos específicos de um altar só podem ser explicados por quem o fez, mas o fundamento divino de sua existência em um templo é que  quando nos colocamos respeitosamente diante dele, estaremos bem próximos de Deus e suas Sagradas Divindades.
As imagens que encontramos nos altares dos centros de Umbanda têm a função de impor um respeito único aos frequentadores induzindo uma postura respeitosa, silenciosa e reverente. As imagens apenas representam os Orixás, uma vez que muitos utilizam o sincretismo religioso, uma unificação através da semelhança entre as características de um Orixá e as de um Santo Católico. É claro que Ogum não é o São Jorge apenas assemelha a ele uma qualidade guerreira e Oxalá não é Jesus Cristo apenas traz o mesmo sentido de paz, compreensão, amor incondicional, e assim segue parar todos. Orixá não é santo, pois santo foi um espírito humano que viveu no plano material e por boas atitudes foi canonizados pela Igreja Católica e também não é anjo, pois anjos é um mensageiro de Deus. Orixá é divindade de Deus, ou seja, é um ser Divino e um mistério de Deus, é uma exteriorização e representante exclusivo de Deus.
Por isso entendam: Orixá nunca encarnou, portanto não é santo, nem da consultas, Orixá não é mensageiro de Deus mas sim representa suas qualidades, atributos e sentidos. Orixá vem da cultura Africana Nagô - Yorubá. São divindades criadas a partir de Olorum que é o Deus Supremo onipresente, onipotente e onisciente. Umbanda cultua Orixá através de suas qualidades, elementos e mistérios.
Umbanda é e esta na Natureza e em seus elementos naturais. Por isso melhor que ter imagens no altares, é ter elementos naturais que representam os Sagrados Orixás, ou seja, trazer a força da natureza, "da Umbanda", para dentro de nossa casa. Esses elementos podem ser as águas minerais ou cristalinas, as ervas flores e plantas, as pedras ou inúmeros mineiros, como também instrumentos simbolizando a força e o mistério do Orixá. Vejam alguns exemplos de elementos que você pode colocar em seu altar de forma simples, bonita e muito poderosa.
  • Oxalá - Cristal transparente, taça de inox ou copo de vinho branco ou água mineral, girassóis, trigo.
  • Oxum - Pedras com quartzo rosa, ametista, pirita, água doce de rio ou de cachoeira, rosas (geral), flor chuva de ouro.
  • Oxossi - Pedra com esmeralda ou quartzo verde, ervas como guiné, alecrim, espada de Oxossi, copo de vinho, cipó..
  • Xangô - Pedras de otá ou jaspe, espada de Xangô, machados, cerveja preta.
  • Ogum - Pedras como granada ou rubi, cerveja clara, espadas, lanças ou escudos de ferro, espadas de São Jorge.
  • Obaluaê - Pedras como ônix ou turmalina preta, taça de vinho tinto ou água mineral, crisântemo, palhas da costa com búzios.
  • Iemanjá - Pedras como água-marinha ou madre-pérola, água do mar, estrela do mar, conchas, rosas brancas, alfazemas.

Não podemos esquecer também as velas em nosso altar, pois vela é um mistério usado por todas as religiões do mundo. Quando é ativada religiosamente, se torna um poderoso elemento mágico, energético e vibratório que atua no etérico de quem recebe sua irradiação ígnea, elas tem o poder de consumir as energias negativas que são descarregadas pelos frequentadores do templo.